Estive em Porto Alegre, com o grupo do PEM (Patrimônio e Espiritualidade Maristas) da província do Rio Grande do Sul (foto abaixo). No dia seguinte, em Vargem Grande Paulista (SP), com aproximadamente 120 educadores(as) da Rede de Educação Reducar, fundada por Madre Rossella. Com ambos refleti sobre Espiritualidade e Educação. Em cada ambiente, elementos locais nos ajudaram a entrar na "beleza sempre antiga e sempre nova" da intimidade com Deus e do compromisso com a causa de Jesus. Em Porto Alegre, a aventura na Ponte Pencil, e em São Paulo, o encanto do parque infantil. Sem contar a surpresa da vaquinha ciumenta com os seus filhotes.
Para conhecer o material, acesse: http://www.slideshare.net/AfonsoMurad/espiritualidade-e-educao-olhar-do-telogo-13704162
sábado, 28 de setembro de 2013
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Corações gelados (Francisco e os políticos)
Transcrevo
aqui uma parte do artigo do articulista Clovis Rossi, publicado na Folha on-line.
Texto breve e interpelativo.
Visito a revolucionária entrevista
que o papa Francisco concedeu à revista dos jesuítas. Não para tratar dos
assuntos ligados à igreja, que já foram bem analisados, mas para falar de
política. O papa, na sua crítica ao desempenho dos religiosos, acabou traçando
um retrato muito bem acabado dos políticos contemporâneos.
O que Francisco disse dos clérigos
serve à perfeição para os políticos: "O povo de Deus necessita de pastores
e não funcionários, clérigos de escritório". O povo de qualquer Deus e
também o povo sem Deus necessita de políticos que sejam guias de verdade e não
se escondam, como fazem os políticos de hoje em dia, em seus gabinetes
hiperprotegidos. "Os ministros do Evangelho", continuou o papa,
"devem ser pessoas capazes de aquecer o coração das pessoas, de caminhar
com elas pela noite, de saber dialogar e inclusive descer à noite de cada um, à
sua escuridão, sem se perder".
Vale para os ministros do Evangelho
como vale também para os ministros de qualquer governo da face da Terra, para
os governantes em geral, para parlamentares, para qualquer dirigente político
que queira ser digno desse nome. Existem hoje políticos que aqueçam corações?
Não os vejo em parte alguma. Basta pensar na política que é o grande sucesso
eleitoral, a alemã Angela Merkel. Foi re-reeleita, é verdade, mas quer dizer
com isso que aquece corações? Não, testemunha a revista "Der
Spiegel": "Ela tem sido sempre mais uma mediadora qualificada do que
uma líder", analisou a revista, mesmo após o espetacular resultado
eleitoral da chanceler (..).
O bom pastor - e o bom político- não
precisa apenas aquecer corações, mas, sempre segundo o papa, deve ser parte de
uma igreja que "encontre caminhos novos, capaz de sair de si mesma e ir ao
encontro do que não a frequenta, daquele que se foi". Quem, no mundo, está
propondo caminhos novos de verdade? Reina tamanha mesmice! (..)
Desconfio que há muito mais fiéis
que se afastaram da política do que da igreja. Pena que, na política, não haja
um sumo sacerdote capaz de dizer que os reis estão nus.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Papa Francisco não insistirá em questões de moral sexual
O papa Francisco afirmou que a
Igreja Católica se tornou "obcecada" com a pregação contra o aborto,
o casamento gay e a contracepção. Ele escolheu deliberadamente não falar sobre
esses assuntos por entender que a Igreja deve ser uma "casa para
todos", e não uma "pequena capela" focada na doutrina, na
ortodoxia e em uma agenda limitada de ensinamentos morais. As declarações foram
dadas em uma entrevista concedida ao jornal jesuíta "La Civiltà
Cattolica". "Não podemos insistir apenas em assuntos relacionados ao
aborto, ao casamento gay e ao uso de métodos contraceptivos. Isso não é
possível", disse o papa.
Francisco admitiu que sofre
críticas por evitar tratar desses temas: "Eu não falei muito sobre essas
coisas, e fui repreendido por isso. Mas, quando tratamos sobre essas questões,
temos situá-las em um contexto. O ensinamento da igreja quanto a isso é claro,
e eu sou um filho da igreja. Mas não é necessário falar sobre esses assuntos o
tempo inteiro", acrescentou.
O papa disse ainda que "os
ensinamentos dogmáticos e morais da igreja não são todos equivalentes" e
que o ministério pastoral não deve ser "obcecado" com a transmissão
de "doutrinas desarticuladas que se tenta impor de forma insistente".
"Precisamos encontrar um novo equilíbrio, senão até mesmo o edifício moral
da igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas, perdendo o frescor e
a fragrância do Evangelho", disse. "A proposta do Evangelho tem que
ser simples, profunda, radiante. É dessa proposta que as consequências morais
então fluem".
Francisco afirmou ainda que a
igreja deve ajudar a curar "todo o tipo de doença ou ferida". Ele
contou que, quando ainda estava em Buenos Aires, costumava receber cartas de
homossexuais que estavam "feridos socialmente" e que diziam sentir
que a igreja sempre os condenava. "Mas a igreja não quer isso. Durante meu
voo de volta do Rio de Janeiro [após a Jornada Mundial da Juventude, em julho
deste ano], eu disse que, se um homossexual tem boa vontade e está em busca de
Deus, eu não estou em posição de julgá-lo. A religião tem o direito de
expressar sua opinião a serviço das pessoas, mas, na criação, Deus nos fez
livres. Não é possível interferir espiritualmente na vida de uma pessoa".
Resumido de: Folha on-line, 19 setembro 2013
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
A Igreja deve se profissionalizar?
A Igreja, comunidade dos seguidores de Jesus, Povo de Deus a
caminho do Reino definitivo, está em constante contato com as sociedades onde
se insere. Ao anunciar o Evangelho de Jesus, sua razão de ser, necessariamente
assume formas de organização, linguagens, recursos e elementos da mentalidade
que circula no ambiente. Isso faz parte da dimensão encarnatória da própria fé.
De outro lado, a partir do próprio evangelho, a Igreja e os cristãos questionam
os elementos tomados da cultura e mostram que Jesus Cristo traz um “mais”. Ele
ilumina e chama à conversão a todas as realidades humanas. Assim,
simultaneamente, assumem-se elementos do nosso tempo, mas também se apontam
seus limites.
A profissionalização é uma tendência crescente no mundo
contemporâneo. Ela se contrapõe ao amadorismo, à forma “caseira” pensar e atuar,
a uma visão estática do trabalho, como acúmulo de rotinas. O profissionalismo
inclui vários fatores tais como: domínio e desenvolvimento de saberes
específicos e a adoção de tecnologias correspondentes; especialização
crescente; busca de “qualidade” para responder às demandas humanas; formação
permanente das pessoas, e ética profissional. Vários aspectos da profissionalização
se aplicam aos voluntários, pessoas que gratuitamente dedicam tempo e energia a
causas humanistas e religiosas. E, na verdade, a grande parte dos processos de
evangelização é realizada por voluntários.
Aqui não estamos pensando especificamente nas instituições
católicas de prestação de serviços, como escolas privadas, hospitais e rádios.
Embora tenham elementos em comum com paróquias e diocese, os princípios da
profissionalização tem diferentes consequências. Neste artigo abordaremos cinco
elementos positivos da profissionalização que trazem diferenciais às paróquias,
institutos religiosos e dioceses: foco nos destinatários, visão estratégica,
relação com fornecedores e prestadores de serviço, gestão de pessoas e estruturas
organizacionais.
1. Foco nos seus
destinatários. As organizações pouco profissionais tendem a atender mais aos
interesses de seus membros do que as necessidades de seu público-alvo. Podem degenerar-se em corporativismo, terrível
doença social que contamina os políticos e boa parte dos funcionários
comissionados de organizações públicas. Já as organizações profissionais sempre
se perguntam: “o que devemos fazer para que nossos destinatários encontrem aquilo
que procuram?” “Como melhorar os processos, para sermos fiéis à nossa missão?” Tais
perguntas estão na base da busca constante de qualidade. Esta exige o exercício
da sensibilidade para olhar o outro, e não a si próprio.
Paróquias e dioceses cresceriam muito em qualidade se
levassem este princípio mais a sério. A Igreja e suas estruturas existem em
função das pessoas e da sociedade a ser evangelizada, e não de si própria e de
suas lideranças. Tomemos um exemplo simples: o horário de atendimento das
secretarias paroquiais. Em grande parte do Brasil, as paróquias atendem ao
público de 2ª a 6ª feira, no horário comercial. Algumas ainda fazem “o favor”
de abrir suas portas no sábado de manhã. Ora, um contingente enorme de
católicos trabalha fora de casa e quando busca a secretaria paroquial, ela está
fechada. Por que acontece isso? Parece que o pároco e sua equipe estipulam o
horário de atendimento em função de si mesmos, e não dos seus destinatários.
Neste sentido, várias paróquias tem alterado tal rotina, modificando o horário
de atendimento conforme a demanda da população local. Algumas trocam as manhãs
pelas noites, outras incluem o sábado e até domingo de manhã para o atendimento
e fazem sua pausa semanal na 2ª feira.
2. Visão estratégica. O
exercício do pensamento estratégico comporta um longo trajeto, que se inicia
com a definição consensual a respeito da missão da instituição, dos valores que
a regem e do que ela deseja conquistar num prazo determinado (visão de futuro).
A seguir, estabelecem-se as estratégias e a iniciativas que farão a mediação
entre o sonho e a realização. Por fim, nomeiam-se as pessoas responsáveis e
definem-se os indicadores para avaliação.
O plano estratégico pode ser estéril, se faltar conexão com
a realidade. Algumas paróquias e dioceses tem belos planos de pastoral, que são
“pseudo-estratégicos”: bem formulados, bonitos, mas pouco ousados e
desarticulados. Não se especificam as pessoas responsáveis, os prazos, os
custos. Não há monitoramento da execução. Deste jeito, o plano se torna
ineficaz.
Contrapõe-se à visão estratégica: o imediatismo (agir pensando
somente em curto prazo), a anarquia (não ter princípios de ação), a reatividade (reage-se diante dos problemas,
em vez de se antecipar a eles) e a simples repetição de práticas. E há igrejas
locais que primam pela repetição. A fidelidade ao passado, tão necessária, não
se equilibra com a visão de futuro.
“Estratégia” é um
termo proveniente da arte da guerra. Um plano estratégico é arrojado e
criativo. Desperta as pessoas para moverem-se e buscarem resultados efetivos. Exige
desapego para abandonar certas práticas e adotar outros. Ser estratégico é mais
do que fazer um plano. Exige uma visão de Igreja e de sociedade, para
compreender onde a instituição está inserida e como responde ou não às
oportunidades e ameaças do cenário atual, em relação aos seus destinatários e à
sua missão. Quando a estratégia é esmiuçada, vem com ela o gerenciamento, a
liderança nos processos e o monitoramento.
3. Relação correta com
fornecedores e prestadores de serviços. Toda instituição complexa, que
atende a um grande público em diferentes frentes, necessita de política clara
em relação aos seus fornecedores. Chamam-se de “fornecedores” às pessoas
físicas ou jurídicas que fornecem os insumos e serviços básicos necessários
para o funcionamento da organização. Uma paróquia urbana de porte médio tem
vários fornecedores: a companhia de eletricidade, de água, de telefonia e
internet; a empresa que vende os computadores e os programas utilizados para
controle contábil, emissão de planilhas e documentação; a padaria, a mercearia
ou o supermercado; o mecânico do carro e o eletricista; a loja de material
construção; a empresa que fornece móveis; quem vende hóstia, vinho e material
litúrgico; a gráfica ou editora, a fornecedora de papéis e material de
escritório. Paróquias e dioceses também recorrem aos prestadores de serviços,
que são um tipo específico de fornecedores. Estes não somente vendem um
produto, mas realizam algo, a partir de sua especialidade. Por exemplo, um
escritório de contabilidade, a assessoria jurídica, a cooperativa ou empresa de
construção e reformas. Ou ainda as organizações especializadas em
infraestrutura de grandes eventos (som, alimentação, segurança, transporte) ou
a empresa que aluga os ônibus para as romarias.
Certa vez, numa paróquia em região de beira mar, ampliou-se
o salão paroquial. Para realizar a cobertura do teto, o padre escolheu a
empresa de um paroquiano tido como “muito católico”, com quem costumava jantar
nas noites de domingo. Não fez um contrato profissional, no qual se especifica
o tipo de telha, o tempo de garantia do material, a qualidade de resistência à
umidade e maresia, o tipo e espessura da madeira, etc. Tudo foi realizado “na
base da confiança”, pois o homem era um bom católico (e amigo do padre,
naturalmente). Dois anos depois de concluído o serviço, o telhado já
apresentava problemas estruturais. E não havia como reclamar, pois não havia
contrato formal. O barato saiu caro!
É preciso lidar com profissionalismo em tudo o que diz
respeito à relação com fornecedores e prestadores de serviços. Os preços
negociados, as condições e a especificação do serviço a ser oferecido não podem
ser algo caseiro e sem contrato. Tal procedimento funciona somente em
comunidades rurais e ou cidades pequenas, onde reina a informalidade. O que
parece ser vantajoso, com o tempo se revela desastroso. Deve-se optar pelos
serviços e produtos que tenham a melhor relação custo x benefício. Por vezes, é
necessário também rever contratos antigos, que apresentam condições desfavoráveis,
como o fornecimento de eletricidade e de telecomunicações. Em outros casos,
mudar de fornecedor. Para grandes compras ou obras de construção e reforma,
aconselha-se fazer três orçamentos. Em condições semelhantes, pode-se optar
pelo fornecedor que seja católico, participante da comunidade. Mas o critério
básico deve ser o binômio “qualidade – preço” e não a amizade particular entre
os líderes da Igreja e os fornecedores. Convém que o padre não atue sozinho.
Somente uma boa equipe de gestão econômico-financeiro, com leigos qualificados,
tem condições de realizar a contento tal tarefa, sem se deixar enganar por
fornecedores desonestos ou incompetentes.
4. Processos de
gestão de pessoas. As organizações
profissionais descobriram que “a riqueza que mais produz riqueza são as pessoas”,
e não o patrimônio material de terrenos, prédios, salas e salões. Patrimônio
material pode ser comprado ou alugado. Se não for utilizado bem, transforma-se
em custo, devido à depreciação. As pessoas, por sua vez, geram bens
intangíveis. Escolher profissionais e voluntários com experiência,
conhecimento, habilidades e sintonia com os valores da instituição se tornou
tarefa prioritária em grandes organizações do mundo. Por isso, elas
desenvolveram acurados processos de seleção, preparação, monitoramento,
avaliação, formação continuada e aprimoramento das pessoas. E, nas grande
empresas, isto não acontece por causa de uma postura humanizadora, e sim porque
dá retorno econômico. Ora, a Igreja, por causa dos valores espirituais que a
guiam, deveria ser um exemplo de gestão de pessoas na sociedade. Mas estamos
muito distantes deste ideal. Porque?
Concebe-se que “investimento” significa usar o dinheiro em
patrimônio material, sobretudo em construções. Investir em pessoas soa como
“custo”, “dinheiro jogado fora”. É claro que se deve investir em construções,
mas de forma coerente com o projeto evangelizador. Soa como desequilíbrio na
gestão o fato de construir muitas salas para catequese e não investir em
formação das catequistas. As paróquias e dioceses precisam implementar e
aperfeiçoar os processos de formação de seus profissionais (como secretárias
paroquiais, atendentes, pessoal administrativo) e lideranças voluntárias
(catequistas, coordenadores de pastorais e ministérios, comunicadores,
coordenadores, etc). Por exemplo, coordenadores de catequese de paróquias e
dioceses precisam estar munidos de formação bíblico-teológica básica, aprimorar
suas habilidades em lideranças de pessoas e processos, estudar sobre as
mudanças culturais que estão acontecendo nas infâncias e nas juventudes, e
conhecer as novas linguagens em educação.
Cabe às paróquias e dioceses investir nesta formação, de forma
profissional, inclusive conferindo certificados de conclusão validados em instituições
superiores de ensino.
Uma questão elementar referente à gestão de pessoas diz
respeito ao tempo de permanência de alguém em funções de coordenação. Ao se
instalar em determinada função por longo período, tende-se a criar seu espaço
de domínio e impede o desenvolvimento de novas lideranças. Para reduzir este
problema, uma paróquia criou o seguinte procedimento: qualquer coordenador
ocupa sua função por 3 anos. Pode ser reeleito por mais dois anos, e neste
segundo mandato já deve estar acompanhado de alguém que vai substituí-lo.
Deve-se buscar formas para garantir rodízio das lideranças e um exercício
saudável do poder.
5. Modelo de gestão
eficaz. As organizações atuais
perceberam que estruturas rígidas, verticalizadas e concentradoras de poder
podem leva-las a um estado de inércia e lento desaparecimento. No passado, era
comum encontrar empresas que tinham cinco ou mais níveis hierárquicos e na qual
predominava a estrutura funcional de subordinação vertical. O chefe mandava, os
subordinados obedeciam. Hoje, exercitam-se diversas formas de estruturas.
Combinam-se modelos funcionais com os matriciais. Criam-se grupos de trabalho
para realizar determinadas tarefas e projetos. Favorece-se mais o controle
sobre os resultados do que sobre as rotinas. A sociedade é tão complicada e há
tantos fatores que interferem nos processos, que é impossível esperar que o
sucesso ou o fracasso de uma instituição esteja sob a responsabilidade de uma
pessoa. Por isso, palavras como “empoderamento” e “gestão compartilhada” não
são simplesmente jargões do momento. Elas traduzem uma tendência crescente na
sociedade: trabalhar efetivamente em equipes de alto desempenho para somar os
saberes e as habilidades, dividir as responsabilidades, multiplicar as
possibilidades de resposta, reduzir os erros. A Igreja católica precisa
aprender essa lição das organizações profissionais: estruturas leves, flexíveis,
cooperativas e ágeis, a serviço da missão. Com isso, não se perde a autoridade conquistada.
Ela assume outro perfil.
As características acima propostas visam estimular as
paróquias e dioceses a adotarem uma forma de atuar que lhes possibilite
responder mais adequadamente aos imensos desafios de evangelizar em sociedades
urbanas. Não se trata de fórmulas prontas, nem de leis férreas. Devem ser
utilizadas com bom senso, de acordo com as realidades locais. Constituem parte
de um imenso e belo mosaico. Por isso, não devem ser absolutizadas. Mais ainda.
Os traços profissionais da gestão eclesial devem ser articulados com os valores
do Evangelho, com uma espiritualidade antenada nos Sinais dos Tempos e
enraizada em Jesus. O olhar da fé não somente assume, mas também critica os
limites de uma visão meramente profissional da evangelização. Esse será o tema
do nosso próximo artigo.
Afonso Murad
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Servir, acompanhar e defender os pobres (Mensagem do Papa Francisco)
O Papa Francisco visitou no dia 10 de
setembro o Centro dos jesuítas para os refugiados na Itália. Chegou ao
refeitório no horário da refeição quente. Saudou os refugiados e falou com
eles. Aproximadamente 500 pessoas acolheram o Papa. Inicialmente, saudou sobretudo os
refugiados e refugiadas, agradecendo os testemunhos que havia acabado de
escutar, ressaltando que “cada um de vocês traz uma história que nos fala de
dramas de guerra, de conflitos, muitas vezes ligados à políticas
internacionais. Mas cada um de vocês traz consigo – sobretudo – uma riqueza
humana e religiosa, uma riqueza a ser acolhida, não para ter medo (..) Muitos
de vocês são muçulmanos, de outras religiões, vêm de diversos países, de
situações diferentes (..) Não devemos ter medo das diferenças. Vivamos a
fraternidade”.
Francisco ressaltou que “a acolhida e a fraternidade
podem abrir uma janela para o futuro”. E ressaltou “o quanto é bonito” que
junto aos religiosos existam homens e mulheres cristãos, não-crentes e pessoas
de outras religiões que trabalham pelo bem comum. “Para nós cristãos isto é a
expressão do amor do Pai em Cristo Jesus”. Francisco resumiu então, em três
palavras o programa de trabalho dos consagrados(as) e seus colaboradores: Servir, acompanhar e defender.
Ao explicar o significado de servir,
o Papa disse que é acolher a pessoa que chega com atenção, curvando-se sobre
quem tem necessidade, estendendo-lhe a mão, sem cálculos, sem temor, com
ternura e compreensão, como Jesus inclinou-se e lavou os pés dos apóstolos: “O
pobres são também mestres privilegiados do nosso conhecimento de Deus; a sua
fragilidade e simplicidade desmascaram os nossos egoísmos, as nossas falsas
seguranças, as nossas pretensões de auto-suficiência e nos guiam à experiência
da proximidade e da ternura de Deus, a receber na nossa vida o seu amor, a sua
misericórdia de Pai que, com discrição e paciente confiança, cuida de nós, de
todos nós”.
Ao deter-se no segundo ponto, acompanhar, Francisco destacou a evolução no
caminho do Centro, que passou de uma primeira acolhida ao acompanhamento das
pessoas e inserção social:n“Não basta dar o pão se não vem acompanhado da
possibilidade de aprender a caminhar com as própriaspernas. A caridade que
deixa o pobre assim como é, não é suficiente. A misericórdia verdadeira, aquela
que Deus nos dá e nos ensina, pede a justiça, pede que o pobre encontre o
caminho para não ser como tal. Pede – e pede a nós Igreja, a nós cidade de
Roma, às Instituições – que ninguém deva mais ter necessidade de uma refeição,
de um alojamento por sorte, de um serviço de assistência legal, para ter
reconhecido o próprio direito a viver e trabalhar e ser pessoa em plenitude.
Isto é integração”.
Francisco disse que servir e acompanhar, quer
dizer também defender, o terceiro ponto da sua reflexão. E
ressaltou, que para a Igreja “é importante que a acolhida do pobre, a promoção
da justiça, não seja confiado somente a ‘especialistas’, mas seja uma atenção
de toda a pastoral, da formação dos futuros sacerdotes e religiosos, do
compromisso normal de todas as paróquias, movimentos e agregações eclesiais: “Em
particular gostaria de convidar também os Institutos religiosos a ler
seriamente e com responsabilidade este sinal dos tempos. O Senhor chama a viver
com mais coragem e generosidade a acolhida nas comunidades, nas casas, nos
conventos vazios. Caríssimos religiosos e religiosas, os conventos vazios não
servem à Igreja para transformar-lhes em albergues e ganhar algum dinheiro. Os
conventos vazios não são nossos, são para a carne de Cristo que são os
refugiados. O Senhor chama a viver com generosidade e coragem a acolhida nos
conventos vazios”.
Francisco acrescentou que devemos
“superar a mundanidade espiritual para sermos próximos às pessoas simples e
sobretudo aos homens. Temos necessidade de comunidades solidárias que vivam o
amor de forma concreta”.
Fonte: Rádio
Vaticano (10-09-2013) e Site do IHU – Unisinos (texto resumido).
Marcadores:
Papa Francisco e os pobres,
Servir e defender os pobres
Aprender a pensar
Compartilho com você este material didático que utilizo com meus alunos. Ele faz parte da série: "Introdução à Vida Intelectual".
Acesse: http://www.slideshare.net/AfonsoMurad/3-aprender-a-pensar
Acesse: http://www.slideshare.net/AfonsoMurad/3-aprender-a-pensar
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Introdução à Vida Intelectual
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